quarta-feira, novembro 19, 2008

Quanto medes?

"Os tamanhos das pessoas variam conforme o grau de envolvimento...
Uma pessoa é enorme para ti, quando fala do que leu e viveu, quando te trata com carinho e respeito, quando te olha nos olhos e sorri .

É pequena para ti quando só pensa em si mesma, quando se comporta de uma maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas: a amizade, o carinho, o respeito, o zelo e até mesmo o amor

Uma pessoa é gigante para ti quando se interessa pela tua vida, quando procura alternativas para o seu crescimento, quando sonha junto contigo. É pequena quando se desvia do assunto.

Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma.

Uma pessoa é pequena quando se deixa reger por comportamentos da moda.
Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou pequenez dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num espaço de pouco tempo.

Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser grande. Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo.

É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas agigantam-se e reduzem-se aos nossos olhos. O nosso julgamento é feito, não através de centímetros e metros, mas de acções e reacções, de expectativas e frustrações.

Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente torna-se mais uma como as outras.

O egoísmo unifica os insignificantes.

Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande... é a sua sensibilidade, sem medida..."


** William Shakespeare** - (texto enviado pela enormíssima Darling Lena)

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Eu sou do tamanho do que sinto - aquele sentimento nobre e grande!

sexta-feira, novembro 14, 2008

Em toda a parte, faltas tu. Agora que chegaste, o que faço ao hábito de esperar por ti?

quinta-feira, novembro 13, 2008

Tentação


Voltei a cair...
De olhos parados no chão, não ouso levantar-me.
Fico ali.
Exposta aos olhares indiscretos e curiosos que teimam em pousar em mim.
Um vazio e uma angustiante sensação de perdição apoderam-se de todos os meus sentidos.
Vejo o reflexo de uma menina sentada nas margens da sua vida de mulher.
Oiço o silêncio de gargalhadas inóspitas e cruéis.
Cheiro a gota de sangue que brota da minha alma.
Tacteio o nada de que é feito o meu corpo.
Saboreio o sal da lágrima que corre livre no meu rosto e acaba cansada na minha boca.
Passaram-se segundos, minutos, horas? Uma vida?
Perdi a noção do tempo e do espaço, a noção dos sentidos.
Que sentido tem a vida?

E a morte?
A vida faz sentido porque vivemos a pensar na morte. Por isso tememos viver, porque sabemos que vamos morrer.

E cair?
Voltei a cair...
Perdida nos pensamentos que atravessam a minha mente, em catadupa, um em cima do outro, em “strob”, piscam piscam silenciosos mas ávidos de se soltarem num grito que não vem.
Calo-me.
Por vergonha? Por falta de coragem? Por timidez? Por não saber...
Não sei levantar-me.

Tenho que nascer de novo. Aprender tudo do início. Passo a passo. Pé ante pé.
Quero levantar-me: retraio-me e opto pela posição fetal, não como retrocesso mas como defesa.
Defendo-me do que ainda está para vir. Tenho medo.
Fecho os olhos e sonho.
Sonho acordada, mas os olhos fecham-se como que a forçar-me a não ver o que me rodeia. O chão, o sangue, as lágrimas, o corpo, os risos, os olhares.

Dói.
Dói-me mudar.
Movo-me em movimentos suaves, imaginando-me num acordar em que me sussurram ao ouvido: “desperta para a vida!"
Não quero abrir os olhos com receio que não tenha passado de mais um devaneio, de mais um sonho a roçar o pesadelo.

Lá ao longe, oiço o estilhaçar de vidros brilhantes e pontiagudos do que terá sido uma garrafa de um qualquer líquido consumido numa festa que termina com a alvorada: “amanhã é dia de trabalho!!"
Mas...vão todos embora? Partem?
E eu?
Então e eu?
Eu, voltei a cair... levanto os olhos em direcção ao céu e como que em jeito de prece: semicerro os dentes e digo para mim mesma, num tom inaudível, mas que aos meus ouvidos parecem gritos agudos e cegos de tão lúcidos:
“Nunca mais. Nunca mais volto a cair. Desta vez foi a última vez que.... caí em tentação!”

Num ápice, ergo-me ainda ébria de mim mesma, sem conseguir tocar-me, olhar-me nem cheirar-me.
Na boca um travo salgado e ao mesmo tempo doce de quem engoliu muitas lágrimas, misturadas com ilusões que trouxeram decepções.
Num cambalear que se poderia assemelhar a uma dança, rumo a parte incerta.
Esboço a expressão mais parecida com um sorriso a que chamo de sorrisar (meio a sorrir meio a sonhar) e vou, sem olhar para trás.
Parto a pensar que nesta caminhada me elevo e olho para baixo.
**texto: aprendiz ( 2003 )
**foto: A.rolf