quarta-feira, setembro 26, 2007

Lado Lunar - Carlos Tê

Não me mostres o teu lado feliz
A luz do teu rosto quando sorris
Faz-me crer que tudo em ti é risonho
Como se viesses do fundo de um sonho

Não me abras assim o teu mundo
O teu lado solar só dura um segundo
Não e por ele que te quero amar
Embora seja ele que me esteja a enganar

Toda a alma tem uma face negra
Nem eu nem tu fugimos à regra
Tiremos à expressão todo o dramatismo
Por ser para ti eu uso um eufemismo
Chamemos-lhe apenas o lado lunar

Mostra-me o teu lado lunar
Desvenda-me o teu lado malsão
O túnel secreto a loja de horrores
A arca escondida debaixo do chão
Com poeira de sonhos e runas de amores

Eu hei-de te amar por esse lado escuro
Com lados felizes eu já não me iludo
Se resistir à treva é um amor seguro
à prova de bala à prova de tudo

Mostra-me o avesso da tua alma
Conhecê-lo e tudo o que eu preciso
Para poder gostar mais dessa luz falsa
Que ilumina as arcadas do teu sorriso

Não é bem por ela que te quero amar
Embora seja ela que me vai enganar
Se mostrares agora o teu lado lunar
Mesmo às escuras eu não vou reclamar


** o meu mestre Carlos Tê: Quando for grande quero ser como ele.
** Muitos conhecem a canção cantada pelo Rui Veloso, mas menos sabem o nome de quem a escreveu
São Têsouros, estes poemas.

sexta-feira, setembro 21, 2007

Amiga

Numa questão de gramática
Amiga, tu és fantástica!

Dos pronomes pessoais
São “Eles” que tu usas mais

Seguido do “Vós”
e depois vem o “Nós”

O “Tu” é muito frequente
Mas o teu “Eu” nem sempre!

Numa questão de Amizade
Amiga, tu és Amiga!

Sem qualquer pretensão
te fala o meu coração

Não tem preço o que me tens oferecido
Por tudo está agradecido

Simples momentos de companhia
Muitas e felizes alegrias!

quarta-feira, setembro 12, 2007

Aprendiz de escritora - em Guimarães



Acabada de chegar do workshop de escrita que frequentei - em Guimarães - com o professor e escritor Pedro Chagas Freitas, aqui fica um dos exercícios:


Definição de Dor

Dói-me mudar - tudo o que é passível de mudança - de emprego, de cidade, de casa, de mim e de ti.

Dói-me começar: o início de alguma coisa significa o fim de outra: o teu fim em mim.

Dói-me sentir que já não te sinto; sinto muito.

Dói-me magoar-te ( no corpo e na vida ).

Dói-me tudo - por tudo - e: por nada.

A dor física eleva-se ao plano dos tecidos: regenerados, queimados, frios, quentes, rasgados, mortos.
Reacções a agressões físicas externas; não controláveis: evitáveis.

A dor emocional eleva-se ao plano dos sentidos. Não se vê. Não se cheira: sente-se, vive-se, sobrevive-se.
Repete-se ciclicamente. É desnecessária: inevitável.