quarta-feira, outubro 31, 2007

Em roda livre - à volta das odes de Pablo - Luís Jordão

as palavras
dispostas e organizadas
com solta regra e ordem
ou talvez não
acutilantes
até ferozes como armas
umas vezes
reconhecidas
apaixonadas e doces outras
trazendo verdades e a necessidade de pensar
as palavras
a força das palavras nas odes dele

marcaram fundo
a minha memória cultural
compondo frases
trazidas por livros
debitando sempre
como alcatruzes
falando de pão
de justiça social
de liberdade
e de amor
não deixando a fuligem dos tempos
apagar as marcas do passado
as palavras nas odes dele

as palavras
sempre
fazendo poesia
iluminando o cante
como assaltantes de emoções
as palavras ideias
trazendo a lonjura dos horizontes
para todas as encruzilhadas da vida
hoje aqui amanhã ali
como o homem da concertina
palavras ideias marcantes
não há marketing que inverta ou crie
não há borracha que apague
a força das palavras nas odes dele

as palavras nas odes dele
são palavras de todas as cores
criando todos os sons
são palavras alimento
que avivam a capacidade de sonhar
ainda

** Luís Jordão / Agosto 2007

quarta-feira, outubro 17, 2007

Conto árabe - Sherazade e as mil e uma noites


Sherazade e as mil e uma noites: o narrar como acto vital.

Tudo começa com a história do rei Shariar. Ele descobre que está sendo traído pela esposa, que tem um servo como amante, e, enfurecido, mata os dois. Depois, toma uma decisão terrível: a cada noite, vai se casar com uma nova mulher e, na manhã seguinte, ordenar sua execução, para nunca mais ser traído. Assim procede por três anos, causando medo e lamentações em todo o reino. Um dia, a filha mais velha do primeiro-ministro do rei, a bela e sábia Sherazade, diz ao pai que tem um plano para acabar com a barbaridade do rei. Para aplicá-lo, porém, ela precisa casar-se com ele. Horrorizado, o pai tenta convencer a filha a desistir da idéia, mas Sherazade estava decidida a acabar de vez com a maldição que aterroriza a cidade.

Quando chega a noite de núpcias, sua irmã mais nova, Duniazade, faz o que sua Sherazade havia pedido. Vai de madrugada até o quarto dos recém-casados e, chorando, pede para ouvir uma das fabulosas histórias que a irmã conhece. Sherazade começa então a narrar uma intrigante história que cativa a atenção do rei, mas não tem tempo de acabar antes do amanhecer. Curioso para saber o fim do conto, Shariar concede-lhe mais um dia de vida. Mal sabe ele que essa seria a primeira de mil e uma noites! As histórias de Sherazade, uma mais envolvente que a outra, são sempre interrompidas na parte mais interessante. Assim, dia após dia, a sua morte vai sendo adiada.

Devem estar a pensar que Sherazade tinha um vasto repertório de histórias para contar... Bem, por mais fértil que fosse sua imaginação, seria impossível inventar tanta coisa ou ler tantos livros! Na verdade, a forma como Sherazade aprendeu todos esses contos explica também outro mistério da obra: ela não tem autor! Parece estranho, mas a explicação é simples: as histórias de As mil e uma noites eram contadas de uma pessoa para outra, estavam na boca do povo! Ninguém sabe quem as inventou; fazem parte da tradição oral do povo árabe, com seus contadores de histórias que reuniam multidões nas ruas e mercados.

Não se sabe ao certo quando os contos foram passados para o papel. A primeira versão do livro, Mil contos, surgiu na Pérsia (atual Irã, onde se passa a história de Sherazade) por volta do século 10. O nome que conhecemos só veio depois, com os árabes. Muito supersticiosos, eles acreditavam que números redondos atraíam coisas ruins. Passaram o nome então para As mil e uma noites. Porém, como o original do livro nunca foi encontrado, há versões diferentes para a história de Sherazade. O final, no entanto, é sempre o mesmo...

Julia Dias Carneiro

terça-feira, outubro 02, 2007

Jorge Palma - Encosta-te a Mim



**quando pensamos que as músicas bonitas que nos tocam já foram todas escritas, somos surpreendidos.

Encosta-te a mim e ouve esta canção.