O rapto ( Miguel Saraiva )
Cada vida mal passada não vale o segundo de um olhar.
Se pudéssemos ao menos saber, ou mesmo sentir, como por intuito, reconhecíamos na hora o que se estava a passar.
Um toque clandestino de um estranho que por nós passa com o coração na garganta, incógnito, sôfrego de amor. Daqueles que não sabemos se por nós já passou.
Assim como quem rouba um pedaço ou algo que não lhe pertence. Não o podem evitar, mas não sabem o que fazer.
Usam de má fé, perante um juízo pessoal, ou violam realmente o espaço e intimidade alheia?
Há realmente minutos muito ricos, segundos de diamante condenados ao anonimato.
Teremos a sorte de tocar dessa forma em alguém que dê por nós? Julgo que não.
A floresta selvagem e rápida da vida tornou-nos indiferentes e, sortudos são os que estão atentos.
O sonho tornou-se simples.
Desejamos encontrar um dente de Leão que se quebre com um sopro para termos o PRAZER de o concertar. Pétala a Pétala. Daqueles que se destroem só de imaginar que lhe vão tocar. Frágil... Quase musical. Depois, o tempo obriga-nos a falar gentilmente com ele todos os dias. De mansinho.
Não esperamos nada em troca, pelo contrário, até agradecemos a sorte de podermos ser contemplados por este sentimento divino.Esse dente de Leão, como que por magia, um dia, será uma Figueira de ramos fortes e folhas generosas que nos servirá com a sua fresca sombra e seus deliciosos frutos.
Miguel Saraiva
2 Comments:
Que luz fantástica tem a fotografia! Foste tu, aprendiz?
Bjs!
roque
Bom dia bom dia! Roque
Este texto é de um amigo e a fotografia foi ele que enviou juntamente com o texto.
Mas tens razão, a imagem está linda e, pessoalmente, gosto imenso do texto.
beijitos
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