quarta-feira, agosto 06, 2008

A filosofia e o Feminino

Zaratustra (emergindo da sombra de Nietzsche): O homem deve ser educado para a guerra, a mulher para o repouso do guerreiro: fora disto tudo é loucura. O guerreiro não gosta dos frutos adocicados. É por isso que ele ama a mulher; há amargura mesmo na mais doce das mulheres. A mulher melhor do que o homem compreende as crianças, mas o homem é criança, mais do que a mulher. Todo o homem digno desse nome oculta em si uma criança que quer brincar. Assim, mulheres, cuidai de descobrir a criança escondida no homem. Que a mulher seja um brinquedo, puro e delicado semelhante ao diamante, brilhando com as virtudes de um mundo que não existe ainda. Fazei entrar no vosso amor o reflexo de uma estrela longínqua. Que a vossa esperança seja: “Possa eu dar à luz o super-homem!” Que vosso amor seja corajoso! Fortalecidas pelo vosso amor, atacai aquele que vos inspira medo. Ponde a vossa honra no vosso amor. A mulher, aliás, pouco sabe da honra. Mas a vossa honra está em amar mais do que sois amadas e em nunca ficardes em dívida. Que o homem tema a mulher que ama, pois ela não recuará perante sacrifício algum, e tudo o resto lhe parecerá sem valor. Que o homem tema a mulher que odeia, pois o homem, no fundo do seu coração, é maldoso, mas a mulher é malévola. (Qual é o homem que a mulher acima de tudo odeia? O punhal diz ao amante: “É a ti que, acima de tudo, odeio, pois me atrais mas não és suficientemente forte para me guardares junto de ti.”


A felicidade do homem é dizer: “Eu quero”. A felicidade da mulher é poder dizer: “Ele quer”; assim pensa a mulher, quando por amor obedece. E a mulher tem necessidade de obedecer e de dar profundidade à sua superfície. A alma da mulher é superficial, como as águas de um lago sob a tempestade. Mas a alma do homem é profunda, a sua corrente ruge através de grutas subterrâneas: a mulher pressente essa força, mas não a compreende. (Assim Falava Zaratustra: "Das Mulherzinhas Jovens e Velhas", pp. 69 e 70).


**Assim Falava Zaratustra. 4.ª ed. Lisboa : Ed. Presença e Liv. Martins Fontes : 1978

4 Comments:

Blogger Henrik said...

Gosto de Nietzsche, é um dos filósofos que ainda admiro (ainda pois foi um dos primeiros que retive e e dos que retive ainda miúdo apenas ele e Camus se mantêm como focos de luz). De qualquer modo, Nietzsche era extremamente misógeno, o desgosto amoroso que teve produziu-lhe uma misogenia bizarra (dado que foi uma misogenia à'don juan', ele adorava mulheres apenas não as amava.) Deste excerto, que é um belo excerto diga-se, julgo totalmente acertada a seguinte fracção «Há amargura mesmo na mais doce das mulheres»...e julgo acertadíssima a análise do homem como criança, e da mulher que se mantém cuidando da criança como a patologia mais comum. Não só acerta na nossa (masculina) necessidade reprimida e iludida de ser centro de tudo, como acerta em cheio no que leva a mulher a vergar-se a essa situação. Enquanto o homem procura os seios (e nem em Nietzsche nem em mim é inocente o emprego deste termo) femininos, as mulheres procuram o maternal conforto de serem também o centro do universo de algo. Obviamente refiro-me a um específico grupo, tanto de homens como de mulheres, e não à sua totalidade. O resto infelizmente é-me demasiado misógeno, lol.
Beijinhos:)

8:53 da manhã  
Blogger Aprendiz said...

Olá filósofo henrik!
:o)

Não era só Nietzche que tinha "horror" às mulheres, estou a lembrar-me de Shopenhauer, por exemplo...

No entanto, no meio de tantos discursos, ensaios, livros e manifestos, Homens e Mulheres continuam a ser alvos e vítimas, predadores e presas de si mesmos.


O meu blog é como um caderno de capa preta; as folhas que já não estão em branco, são as que são preenchidas com todos os comentários.
É este caderno que a aprendiz utiliza para estudar e aprender!

Obrigada por "Henrikeceres" esta lição de filosofia!

:o)

11:21 da manhã  
Blogger Henrik said...

Lol, eu poria as coisas de outro modo, quantos adoravam as mulheres? lol.
Nietzsche amava-as mas ao prazer que proporcionavam e somente isso.

P.S. Schopenhauer odiava tudo, não é à toa que recebeu o epítome de filósofo mais pessimista que existiu. LOL.

2:50 da manhã  
Blogger Henrik said...

Lol, adorei o trocadilho do 'henrikecer' =P

2:51 da manhã  

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