Evadido ( Fernando Pessoa )
Sou um evadido.
Logo que nasci
Fecharam-me em mim,
Ah, mas eu fugi.
Se a gente se cansa
Do mesmo lugar,
Do mesmo ser
Porque não se cansar?
Minha alma procura-me
Mas eu ando a monte,
Oxalá que ela
Nunca me encontre.
Ser um é cadeia,
Ser eu é não ser.
Viverei fingindo
Mas vivo a valer
Logo que nasci
Fecharam-me em mim,
Ah, mas eu fugi.
Se a gente se cansa
Do mesmo lugar,
Do mesmo ser
Porque não se cansar?
Minha alma procura-me
Mas eu ando a monte,
Oxalá que ela
Nunca me encontre.
Ser um é cadeia,
Ser eu é não ser.
Viverei fingindo
Mas vivo a valer
7 Comments:
Tenho alguma dificuldade em perceber poesia. Tenho muito mais dificuldade em escrevê-la. Mas descobri uma coisa: se cortar as frases a meio, abusar dos parágrafos, introduzir espaços e pontuação e iniciar os versos com maíusculas... diabo!, posso fazer, sei lá, posso pegar numa banalidade como não saber das meias e, por exemplo, fazer isto:
Tenho os pés frios
Outra vez
Onde estarão as meias?
Azuis, de algodão, practicamente novas
Onde diabo as coloquei?
Olha que isto...
Foi minha mãe que mas deu
No Natal
E agora não sei delas
Olha que isto...
Sorte marreca
Pronto... que tal...? Bem sei que pode não ser profundo, mas parece-me bem bonito, hein? Claro, não podemos é ler! Mas olhando só para a estrutura...
P.S. - Bjs! Roque
ah...olá Roque!!
Olha, não vás mais longe...o próprio Fernando Pessoa tinha destes vaipes..queres ver?
"Tenho uma grande constipação.
Tenho uma grande constipação,
E toda a gente sabe como as grandes constipações
Alteram todo o sistema do universo,
Zangam-nos contra a vida,
E fazem espirrar até à metafísica.
Tenho o dia perdido cheio de me assoar.
Dói-me a cabeça indistintamente.
Triste condição para um poeta menor!
Hoje sou verdadeiramente um poeta menor!
0 que fui outrora foi um desejo; partiu-se.
Adeus para sempre, rainha das fadas!
As tuas asas eram de sol, e eu cá vou andando,
Não estarei bem se não me deitar na cama
Nunca estive bem senão deitando-me no universo.
Excusez un peu... Que grande constipação física!
Preciso de verdade e de aspirina."
Aurora
A poesia não é voz - é uma inflexão.
Dizer, diz tudo a prosa. No verso
nada se acrescenta a nada, somente
um jeito impalpável dá figura
ao sonho de cada um, expectativa
das formas por achar. No verso nasce
à palavra uma verdade que não acha
entre os escombros da prosa o seu caminho.
E aos homens um sentido que não há
nos gestos nem nas coisas:
vôo sem pássaro dentro.
Adolfo Casais Monteiro
talvez este pequeno texto ajude o João a perceber a poesia... ou não. :)
olha,, eu não percebi nada... :))
seja como for, nada é determinante, nem a forma de fazer poesia...
:o)
Em forma de apontamento, queria só lembrar que, mesmo depois de 70 anos da sua morte, o Pessoa continua muito vivo!
:o)
Todos nós temos alguem dentro da nossa cabeça com quem falamos usualmente...
Pronto já tá Fati....
Mto bom gosto
Néu
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